segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Santa Aliança

O sr. Dias Loureiro, que já foi, no cavaquismo, um pau para toda a colher, foi constituído arguido pelo Ministério Público pelos crimes de burla agravada, falsificação de documento, fraude fiscal e branqueamento de capitais, no âmbito do processo SLN/BPN.
Recentemente foi alvo de um mandato de buscas domiciliárias. Veio uma equipa de investigadores, veio um juiz de instrução conforme as leis determinam, veio mesmo um representante da Ordem dos Advogados. E o semanário SOL, que não foi chamado à diligência, veio depois titular que foram descobertos em porta oculta, documentos relevantes para o processo.
Quais sejam tais documentos não é dito nem faz falta, que à opinião pública não competirá julgar. Quaisquer dados da investigação deverão estar reservados na mão que deles carece, para desempenhar a sua função de forma justa e não condicionada. Do que o país precisa, isso sim, é que a justiça faça o que tem a fazer, com eficácia e prontidão.
A pergunta inevitável é a seguinte: dando como certo que o SOL ainda não trabalha com bruxos nem adivinhos, donde veio a dica para o jornal? Do arguido é provável que não tenha sido. Então só pode vir dos agentes envolvidos: dos investigadores, do juiz de instrução, ou do representante da O.A.
E a quem poderá servir a fuga de informação?
Servirá ela o arguido? Não sabemos nem parece, mas impossível não é!
Serve a investigação? É claríssimo que não!
Serve a justiça? Não serve, só pode prejudicá-la!
Serve algum dos seus agentes? É mais que certo, mas quem poderá jurá-lo a pés juntos!
Serve o jornal e os seus accionistas? Obviamente que sim, porque lhes vende o papel!
Serve o leitor e o país? Serve a consciência, o esclarecimento e a sanidade mental dos portugueses? Nem de perto nem de longe!
De forma que só uma conclusão é ajustada. Tudo isto é uma mixórdia pantanosa em que chafurdam interesses de escroques, em prejuízo da justiça e do país. O seu único objectivo é distrair o pagode, lançar cortinas de fumo, perturbar o exercício da justiça e deixar que a lixívia do tempo faça o resto. É a Santa Aliança conhecida entre arguidos poderosos, agentes mafiosos da justiça e jornalistas que não merecem o nome. A máfias dessas não há país que resista. Muito menos Portugal, que de país só já utiliza o nome.