Em 2004, o simulacro de país que Portugal já era construiu dez estádios de futebol para um campeonato europeu. Com mais propriedade se diria que o fez para impressionar o mundo. E fundamente o terá impressionado, pois não é todos os dias que se vê um país incapaz de se alimentar a si próprio gastar assim mil milhões, para ver jogar à bola durante um mês.
Englobando os que ficaram inacabados, os que nunca mais tiveram ocupação e aqueles que não estão pagos, lá ficaram marcas impressionantes em Braga, em Guimarães, no Porto, num descampado de Aveiro, em Coimbra, em Leiria, em Lisboa, e mais uma algures no Algarve.
Agora vem aí o Mundial de 2018. E Portugal, mais desprovido ainda do que então já estava, alia-se à Espanha, para apresentar nova demonstração.
É certo que os estádios candidatos não satisfazem as condições mínimas, e terão que ser remodelados. Mas isso não esmorece os responsáveis políticos, autárquicos, desportivos. Mais uns milhões resolvem o assunto.
Dir-se-á que nem todos os portugueses são visionários paranóicos, que confundem o país com um circo de carnaval. Pois nem precisam de o ser, que os palhaços de serviço que os governam já ocupam a arena toda. Aos portugueses basta-lhes ser o que são: um rebanho de carneiros a tasquinhar na charneca, de focinho rente ao chão.