sábado, 9 de janeiro de 2016

CEP 5

Ali é que era o bonito / para a gente passear / tínhamos dias inteiros / de estarmos sempre a caçar.
Os coelhos não eram iguais / uns grandes outros pequenos / não os pudemos esfolar / alguns até os queimámos.
Tínhamos um caçador / muito bom para caçar / tinha muitas ocasiões / de a cinta rodear.
É muito bom caçador / criado lá na Beira / não sei se o conheceram / o nome dele chama-se Pereira.
A caçada terminou / porque entrava a (?) / e também já os não  havia / que lhes acabámos com a geração.
Por ali andámos 3 meses / sem termos nenhum ataque / até ao dia 3 de Maio / é que entrámos em combate.
Nós andávamos todos tristes / sem termos alegria / a primeira vez que lá fomos / até foi por companhia.
Só lá estivemos 2 dias / mas chegou para aflições / até me doíam os ouvidos / com o troar dos canhões.
Eu estava de sentinela / aos bocados espreitando / veio de lá uma granada / logo me ali ia matando.
Eu fiquei atrapalhado / e o fogo continuou / a que caiu ao pé de mim / foi sorte não rebentou.
Era granada de grosso calibre / trazia uma força bruta / mas não vi quem a deitou  / aquele grande filho da puta.
Rapazes estamos desgraçados / temos o inimigo à frente / arma-se hoje algum combate / que fica aqui toda a gente.
Aquilo foi passando / nós ainda matámos 1 / e cá do nosso lado / mortos e feridos não foi nenhum.
Estávamos já para abalar / ferido não havia ninguém / dissemos uns para os outros / isto é sorte que a gente tem.
Voltámos para a retaguarda / 12 dias a descansar / e no fim dos 12 dias / tornámos para lá voltar.
Íamos todos formados / ao mando dum capitão / a segunda vez que lá fomos / já fomos por batalhão.
Dessa vez foram 6 dias / a combater com o inimigo / eu disse cá para mim / aqui perco o nome de Egídio.
Deram-se grandes combates / de parte a parte a matar / vimo-nos ali perdidos / em termos de não escapar.
A primeira vez não sabia / o fim que aquilo dava / agora já vou sabendo / já lhe vou dando porrada.
(Cont.)