quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A retoma

Em Almendra a azeitona está madura, e as recentes chuvas vieram a tempo de salvar alguma.
Recolhê-la é a única retoma de que é lícito falar. E, mais urgente ainda, de levar à prática.
Qualquer outra não passa de palavreado duns bonecos aventureiros e sem vergonha, que à má fila chegaram ao governo, sem saberem muito bem o que fazer com ele, salvo acumular trapaças e malfeitorias.
Salvo repetir as mesmas fórmulas, já velhas de cinco séculos: reduzir o rebanho à indigência e à penúria, ao grau zero da cidadania, ao medo da fome e à submissão, à emigração, ao despaisamento e à precaridade.
Com o interregno ilusório dos últimos trinta anos, esta pátria tristonha nunca foi a mãe dos portugueses todos. Antes foi a madrasta de gerações infindáveis dos muitos enteados, para benefício duns poucos ínclitos filhos que lhe mamaram sofregamente as tetas. E que ensaiam de novo as fórmulas antigas.
Cá em casa, nos próximos tempos, a retoma é de galochas e luvas. Porque os dedos não são de pechisbeque.