Um conde obscuro, que hoje ninguém recorda, deixou o nome à quinta. E havia nela, em tempos, um castanheiro velho, onde as cegonhas criavam os filhos. O resto era um sertão, ali no arrabalde, pisoteado por vacas de brinco na orelha.
Um dia chegou à vila a febre do progresso, um dia tinha que ser. E um empreendedor, que viera do mar ainda rapazola, quando as caravelas regressaram todas à praia das nossas lágrimas, encomendou-se a um banqueiro e urbanizou a quinta.
As casas são branquinhas, à mansa luz do poente. São quase todas iguais, e têm bonitos telhados vermelhos. Algumas são habitadas.
Foi assim que a vila passou a cidade, e o empreendedor deixou de andar a pé. Agora alterna entre um blindado BM e um Porsche dos melhores, se está curto de tempo.
Dizem que já mandou vir um Maserati. Só está à espera que diminua a lista dos tantos geradores de equívocos amargos.