Já o outro advertia, há muitos anos: Antes quero asno que me leve, do que cavalo que me derrube!
É um pensamento salutar. Porém, quando a besta é o montador, mais que a montada, de pouco vale andar a gastar latim.
Há um mesito mudou-se de governo. Perderam-se cinco meses de tempo útil, e ganharam-se inúteis sobressaltos.
Cavaco diz agora, com a nova governação, o que negava ontem, com a antiga. As agências de notação, que eram gurus de respeito, são agora os maus da fita. Ontem havia limites para os sacrifícios, com o governo velho. Agora todos são poucos, com justificação ou sem ela, para salvar a pobre pátria do mal que vem lá de fora.
O governo jurou verdades e transparências, e muita credibilidade, para ganhar a confiança dos mercados. Mas os agiotas não foram na conversa, e a balbúrdia apenas aumentou, com tantos amadores de serviço. E a crise que era obra dum único mentiroso, agora já é um grave problema internacional.
O PS está a entrar numa longa era glaciar.
O BE implodiu, sem salvação que se veja.
Para o PCP tudo continua igual, como era há um século atrás: o maior inimigo do povo trabalhador são os partidos socialistas.
O resto é a síndrome do rebanho: a ausência de memória, a falta de sentido crítico, o maria-vai-com-as-outras, a ingenuidade que a ignorância engendra.
Os farsantes da direita têm o vento a favor, e mais ainda a conjuntura. E tempo mais que bastante, finalmente, para reduzir a pó o pouco que de Abril nasceu.