Durante seis anos, os juízes portugueses do sindicalista Martins, e os magistrados do sindicalista Palma, não pouparam nos esforços. Entrincheirados na fortaleza da corporação, não olharam a meios para responder aos ensaios do governo, por muito tíbios que fossem, que pudessem pôr em causa os seus privilégios feudais.
As escutas à margem da lei, as reiteradas violações do segredo de justiça, as fugas cirúrgicas de informação para a imprensa, tudo valeu para conspirar contra o governo e emporcalhar a figura do primeiro-ministro.
Agora que mil jogadas surtiram efeito; agora que o governo finalmente caiu e as eleições se fizeram, com seis meses de paralisia e prejuízo; agora que o poder está na mão de governantes credíveis e escutados lá fora, que viajam em low cost por serem tão patriotas; foi agora que chegou a febre da cidadania ao torvo olimpo das togas.
Agora até há juízes jubilados que se dispõem, pro bono, a elaborar pareceres, auditorias e consultadorias, para poupar as contas do país ao regabofe dos escritórios de advogados.
“Os magistrados deviam era estar nos tribunais”! “Devem estar a morrer de tédio, sem saber o que fazer com reformas principescas”!
Isto é o que desabafa o bastonário Marinho Pinto, com razão ou sem ela. Enquanto o Portugal sonâmbulo, aquietado, cai outra vez nas mãos da canalha enfarpelada.