sábado, 21 de agosto de 2010

Metáforas

É frequente, nos meios escritos ou falados, tropeçarmos em referências ao recurso estilístico de metáforas que o não são. A ignorância é um vasto cobertor que tapa muita coisa.
À semelhança da metonímia e da sinédoque, que também o fazem por razões diferentes, a metáfora dá a uma coisa o nome de outra coisa, por razões de semelhança ou identificação.
Um exemplo: as estrelas da Mariana alvoroçam o bairro. O emissor da frase usou uma metáfora. E para que ela seja eficaz em termos de comunicação, o receptor tem que descodificar o seu significado. Que coisa são as estrelas da Mariana, que fazem tanto alarido?
A primeira etapa de qualquer metáfora é sempre uma comparação: os olhos da Mariana são tão brilhantes como as estrelas.
A segunda etapa da metáfora consiste em identificar uma coisa com a outra: os olhos da Mariana são estrelas.
A metáfora propriamente dita coloca estrelas no lugar de olhos: as estrelas da Mariana semeiam ânsias no bairro.
A frase incorporou valor estético, e amplificou o valor significante. Vistas por dentro, as coisas são assim.