sábado, 14 de agosto de 2010

Como se o mundo...

Consta de três narrativas distintas: As Águas do Capembáua, João Carlos, natural do Chinguar, no Bié, e Como se o Mundo não tivesse Leste. Foi com esta obra que, em 1985, o autor me comoveu e me conquistou.
Um e a outra conheci-os em Luanda, num tempo em que não mais de 30 portugueses trabalhavam em Angola. Passava o autocarro da Itália, com crianças que iam à escola italiana. Passava o autocarro belga, e o autocarro espanhol, e o autocarro brasileiro. Mas não passava o autocarro português, porque não havia em Angola nenhuma escola para as crianças portuguesas.
Angola estava povoada de soldados cubanos e de idiotas russos. Os políticos de Lisboa andavam atarefados, a descobrir a maneira de pôr o país no prego e governar a vidinha. E os jornalistas portugueses, cuja cretinice não é só de agora, chamavam nessa altura mercenários aos 30 portugueses que trabalhavam em Angola. Hoje vivem lá cem mil.
[clicar ajuda a ler]
Ruy Duarte de Carvalho, cuja origem portuguesa a União dos Escritores Angolanos por essa altura omitia, foi um português de lei, mesmo quando se naturalizou angolano. Agora morreu. Bom pretexto para o honrar, e para voltar a lê-lo.