segunda-feira, 27 de junho de 2016

Súmula

1 - O PPD, versão primeira e original do genérico PSD, só ofereceu aos portugueses uma criação própria: deu-lhes um Dom Sebastião novo, o tal que há séculos faz as delícias deles. O Sá Carneiro foi um político que deixou rasto, não por aquilo que fez, mas por aquilo que havia de fazer, se não tivesse morrido antes do tempo. Pobre dele e mais de nós!
Fora disso, o PPD foi um cóio onde encontraram sossego os refugiados da ala liberal do caetanismo. Que ainda hoje dormiriam sossegados no regaço cómodo do mestre de Santa Comba, pai de todos.
Tem-se adaptado aos tempos, no seu papel de cavalgar o povo. A versão última foi essa catástrofe do governo de sipaios que aí houve, chegados do sertão para se vingarem da história.
2 - O PCP é uma seita de fiéis, que ainda vai a despacho com o fantasma do Stalin, para orientar a agenda.
3 - O BE é um cozinhado, onde se misturam trotskistas, maoístas e stalinistas trânsfugas, cuja convivência pacífica é um mistério. Cabe à Catarina reger este conjunto, pela retórica fluente e aggiornata, pelas hormonas juvenis a saltitar, pelas circunstâncias da conjuntura. Mas a sua estratégia explícita é o poder. E a táctica implícita é varrer o PCP, mas sobretudo corroer o PS. 
4 - Só há um partido social e democrático, portador da bandeira da liberdade e da democracia. É o PS (do Costa). E o governo dele é a única resposta que Portugal pode dar às elites burocratas e arrogantes de Bruxelas, que se alimentam do cadáver dos mais frágeis. Trituram povos ao serviço da finança mais negra, em troca dumas migalhas. E são pagas do bolso dos europeus.
Logo veremos como é que o governo do Costa se aguenta no turbilhão, com os dois apoios que tem. Porque se o não conseguir, só resta aos portugueses regressar à casa da partida, e asilar outra vez no PPD.
5 - Ao exemplo do brexit inglês, acaba de responder a Catarina, numa voz que passa por viril: se essas bestas de Bruxelas insistirem nas sanções a Portugal, a pretexto do défice de 2015 de que elas foram responsáveis e mandantes, fica-nos o referendo para salvar a dignidade, de que não podemos abdicar. E assim parece.
Uma tal perspectiva é tentadora, como cantiga que fica no ouvido. Mas não deixa de ser enganadora. Mesmo sabendo que a maioria dos eleitores indígenas acabaria a preferir permanecer nesta Europa de chacais. 
Um povo assoberbado com a precariedade e a sobrevivência, não pensa em coisas maiores. O Sócrates que o diga!