segunda-feira, 20 de junho de 2016

Solstício

Tarde de peregrinação a Riba-Côa. À entrada do Juízo, um pastor já trôpego vem atrás do seu rebanho. E elas, que são todas mochas, fazem o que têm a fazer. Tresmalham-se pela estrada e eu paro a vê-las passar.
Lá para trás vem a pastora, a acompanhar duas cabras e uma ovelhita mais coxa. Saúdo-as e vou à vida.
À saída da Barreira, chega no rádio o timbre de veludo dum contra-tenor: - Agnus Dei qui tolis pecata mundi... 
E já num cruzamento trotam no asfalto quatro perdizitas. Eu paro a vê-las trotar. Pararam todas e ficam a olhar para mim, ali ao lado, vê-se mesmo que a escutar os veludos do cantor, a inundar-se em harmonias. - Miserere nobis... miserere nobis...
Arranco e deixo-as para trás. Não quero centopeias lá em casa, nem eflúvios emocionais de crepúsculo.