domingo, 10 de abril de 2016

Da capo

Perdida entre as páginas da Viagem A Portugal (anos oitenta?), fui encontrar esta nota:
«Desde Aristóteles, que se saiba, se teoriza sobre a obra poética. E o facto de que, até hoje, ainda se não ouviu a última, a definitiva, a irrecusável palavra, mostra apenas que há indizíveis num texto, que qualquer definição é restritiva. E esta, que é a característica mais fecunda, quase misteriosa, do texto poético, é também a fenda por onde passa tantas vezes o sub-produto, a pomada de feira, o enlatado lírico. Porém, as múltiplas e conflituosas contribuições que os séculos produziram, fornecem-nos a base conceptual e técnica suficiente para a sua descrição, para o seu reconhecimento, para o individual ensaio de leitura. 
Dizer que um elefante não é um embondeiro é talvez a mais primária definição do que ambos sejam. A mais elementar, a mais desconcertante, talvez a mais estúpida, mas também a mais útil. A que nos livra de enganos»...