sábado, 11 de abril de 2015

Silêncio

Nos livros o silêncio é um vazio. Na vida real é uma ausência de ruídos.
É o zangarreio das cobritas de água nas margens da represa. É o protesto dum cão que acordou dum pesadelo. É um relento a cair no cone dum candeeiro. É uma lua a pastar em nuvens intranquilas. É o respiro duma árvore no quintal dum vizinho. É um galo em nenhures de relógio adiantado por hormonas inquietas. É o rolamento incessante das esferas e da máquina do mundo.
O único ruído, no silêncio, é o rumorejo das humanas conjecturas.