Pingos da chuva são lágrimas do mundo. E há gerações que não chovia assim na nossa terra, em Março.
Na boa literatura*, a natureza foi sempre compassiva com heróis ou vilões, tomando parte em enredos e dores.
Na nossa vida real parece que também.
*[... Na vida é como no cinema, conclui Gaspar, preso ainda no relance final do carro branco, insistentemente chove quando alguém se vai embora para sempre. Nos filmes entendemos porquê, na vida não.
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Vós, ó côncavos vales, que pudestes
A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
Por muito grande espaço repetistes.
As filhas do Mondego a morte escura
Longo tempo chorando memoraram,
E, por memória eterna, em fonte pura
As lágrimas choradas transformaram.
O nome lhe puseram, que inda dura,
Dos amores de Inês, que ali passaram.
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