Com o arzinho da dita, Louçã referiu num comício que o Programa de Emergência Social (PES) do actual governo traz decisões para a política social que "nunca tinham acontecido em Portugal". Como aquele caso de "um desempregado vir a ser obrigado a trabalhar gratuitamente para uma qualquer entidade social ou no privado", sob pena de perder o subsídio.
Ou aqueloutro caso em que "a ASAE deixa de ter qualquer poder para verificar (o estado de funcionamento) das cozinhas de creches e dos lares de idosos". Assim "criando regras especiais para os pobres".
Na verdade não entendo por que há-de Louçã armar-se em vítima e fingir-se escandalizado. O governo que ele mesmo, há uns meses atrás, ajudou a levar ao poder, é o governo duma gente que só sabe governar, há séculos, com regras especiais: umas para os pobres, e outras para os ricos.
Qualquer espírito um pouco além do básico saberia prever que, desta vez, não estava apenas em causa uma simples alternância no poder. Eram questões mais fundas, do regime e da governação, que estavam postas em causa. De modo que só um palerma, ou um farsante, dá a tais adversários a mãozinha, para depois se mostrar chocado com a sua actuação. Mas há pior, e mais perigoso, como se detecta AQUI.
Tudo isto me faz lembrar a direcção dos comunistas alemães, que na década de 30, na República de Weimar, e seguindo as instruções de Stalin, também considerava que os sociais-democratas no governo eram uma coisa pior que os nazis. "Que venha Hitler! Nós seguiremos Hitler!". Pouco depois acabava às mãos do Fuehrer, também a espernear.
Muito a propósito, vem esta descrição pormenorizada da pulhice a que Louçã se associou, oferecendo a tal gentalha o pescoço dos tais pobres que hoje o põem a ganir.