segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Manuel Laranjeira - Cont. 1

Em muito parcas palavras, já uma vez aqui se falou disto. Vejamo-lo melhor.

(...)
"A vida das sociedades em evolução, como a vida de todos os seres organizados, é, através do seu desenvolvimento, um equilíbrio móvel, isto é, uma sucessão de equilíbrios estáveis cada vez mais perfeitos.
Esta estabilidade móvel (...) depende da estreita sinergia dos seus elementos.
Em Portugal esta sinergia não existe: os elementos da sociedade portuguesa estão distanciados, secularmente distanciados.
Aí está o gérmen do nosso mal-estar.
Claro que, se essa desagregação da sociedade portuguesa se intensificar até à sua dissolução completa; se o equilíbrio não for restabelecido de maneira que a engrenagem social portuguesa volte a funcionar sinergicamente; se esta ficção de organização não for destruída e substituída por uma organização una e harmónica, a nossa existência como nação, como sociedade autónoma, será efémera e as nações vivas podem ir preparando o estômago com aperitivos para o suculento festim. (...)
Eu creio que sim, que isto se pode salvar ainda, embora este meu acto de fé represente apenas uma pieguice sentimental, um desses acessos de optimismo que na hora inadiável e solene da agonia nos levam a abraçar desesperadamente a última ilusão, a mais vivaz e menos destrutível das ilusões - a ilusão da imortalidade."
(...)

[A história presenteou-nos com os últimos 30 anos, para operar esta recomposição. Mas o tempo é ainda curto. E os resultados são já devastadores. Tudo está voltando ao que já foi.]