Na Guiné, em 73, nós, a eles, chamávamos-lhes turras. Era um modo abreviado de lhes chamarmos terroristas. Sorrateiro, em casos tímido. Porque não acreditávamos que o fossem. Sentíamos que o não eram. Sentíamos que eles eram, como nós, marionetas duma feira. Juntos todos num beco sem saída. A esbracejar.
A certo ponto começaram eles a chamar-nos tugas. Abreviando portugas. Havia para eles portugueses e portugas. Os portugas eram a tropa atarantada, que andava ali a maçá-los. E que eles com frequência massacravam. Com armamento melhor que o nosso. Com artilharia que nós não tínhamos. Quando chegavam os aviões de alerta, a única coisa que ainda ali mexia, recebiam-nos com mísseis de infra-vermelhos que levavam ao ombro. Calavam-se durante um quarto de hora e chamavam-nos tugas com escárnio, porque tinham perdido o respeito por nós.
Não sei quem foi o português que um dia pôs esse nome à selecção nacional, esse elixir de delírios. Não sei se é o mesmo que mandou pôr as bandeiras na guilhotina das janelas. Sei que é um terrorista que também perdeu o respeito por nós. Um onagro mentecapto que se diverte a brincar com coisas sérias. E a quem alguns portugas acham graça.
Cá por mim, como dizia o Campos, de um modo completo, de um modo total, de um modo integral: MERDA!