terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mar alto e bocas do mundo

Alfredo andou aqui há tempos, pela primeira vez, nas bocas do mundo. Deixara para trás o mar alto de Quipert, ao pé de Nantes, e a traineira onde era cozinheiro. Apanhara o Sud-Expresso e vinha ver a mulher, que tinha deixado em Mira.
Embrulhado em considerandos sobre o salário que tinha, aguentou a travessia de Castela nocturna a poder de cervejas. Chegou à Pampilhosa já toldado, a muito custo encontrou a mulher. E quando lhe passou a bebedeira já estava de regresso a Quipert, outra vez a atravessar Castela.
Hoje volta Alfredo às bocas do mundo, pela última vez. Há dias a tempestade apanhou-o no mar de Nantes, afundou-lhe a traineira, e em menos de meia hora já o tinha congelado.