terça-feira, 6 de junho de 2017

Bambochatas


Num país em que muito pouca gente se leva a sério, (e menos ainda o tempo do leitor)todas as bambochatas são poucas. Como se as indígenas não chegassem, importam-se lá de fora. É a pica de um sabor cosmopolita.
É o caso desta bambochata que chega de França: uma grande peça de prestidigitação literária, numa sociedade do simulacro.
Não te cuides, não, leitor!

"(...) A seguir à aula de Francês, o professor pede-lhe que fique. Depois de os outros alunos saírem, ele pergunta-lhe se está tudo bem. Se tem problemas em casa. Não quer ser indiscreto, quer apenas saber se está tudo bem.
O professor está diante dela, encara-a. Procura um sinal. Ela baixa os olhos.
Ele diz-lhe que se ela não conseguir falar, talvez possa escrever. Para ela mesma. Ela gosta de escrever, não é? Ela não diz nada. Ela pensa muito alto naquelas palavras que não quer dizer, ela pensa o mais alto possível para que ele as oiça, serei tão feia, tão ridícula, tão diferente, tão curvada, tão mal penteada, tão má? Tenho medo de enlouquecer. Tenho medo e não sei se esse medo existe, se tem um nome. FIM."
Phoska-se!!!