quarta-feira, 20 de maio de 2015

Explosão

É singelíssima a talha. E as pombas, os pelicanos, as folhagens de acanto, as rosetas dos anjos e as barbas do orago são barro pintado. Mergulhada na penumbra, a nave é fresca, acolhedora, doce. 
E eis que surge nela um estrondo, uma explosão, um grito, que destrói e causa medo. Veio de Braga e chamaram-lhe o Senhor da Paixão.
Podia ser o sinal duma fé, a marca dalguma crença, o estandarte duma devoção. Mas não.
Foi só um gesto de arrogância maligna, de soberbia oca. Aquela dos dois mordomos que resolveram apresentar serviço e mostrar que mandavam. Já morreram.