O primeiro-ministro José Sócrates não será, a vários títulos, flor que dê jeito cheirar. Tem defeitos, limitações, tiques, teimosias, obstinações, tendências para o disparate e fragilidades várias. Além disso veio da província, como diz a outra senhora. Falta-lhe o bafo a que rescendem as elites, e o único pedigree que elas lhe reconhecem é o de arrivista.
Porém, mal ou bem, desde há 35 anos, o governo de Sócrates foi o único que ensaiou alguns pequenos passos para fazer de Portugal um país. Para alterar este triste fadário a que as citadas elites (de políticos, de bispos, de barões, de doutores, de banqueiros, de juízes, de economistas, de empresários) há séculos nos condenaram.
Bem sabemos, claro, que há oposições. E que existe a mirífica esperança de encontrar entre elas qualquer alternativa ao governo de Sócrates. Pois que Sócrates é uma besta refinada!
Mas assistindo ao espectáculo do último debate do governo na Assembleia da República, e atentando no papel desempenhado por Manuela Ferreira Leite, e Aguiar Branco, e Paulo Portas, e Francisco Louçã, e outros quejandos, tudo o que Sócrates devia ter feito era mandá-los foder. E nós com ele, antes que a todos nos fodam, ainda mais.