4 - OPOSIÇÃO
O PSD, partido principal, é um organismo em coma político. Não tendo mais ideologia do que ocupar o poder, e canibalizá-lo, o que ainda lhe conserva algum halo vital é o exército de autarcas dinossauros, que o atavismo da cidadania indígena vai eternizando nas paróquias.
Retirados os barões dos tempos áureos, reciclados os trânsfugas maoístas, e padecendo da síndrome da orfandade desde que Cavaco o enjeitou, o partido nunca mais exprimiu uma ideia sobre o país, se alguma vez teve alguma. Desapossado por Sócrates dum terreno supostamente seu, dilacerado por guerras intestinas, apresentou um candidato cuja retórica compensa como pode o vazio ideológico, a demagogia oportunista e a ausência de alternativas. Explora algum deslize do governo, e só aguarda que a dureza cáustica dos tempos desgaste Sócrates a seu favor.
Outros partidos não pertencem ao arco do poder, são jogos de circunstância. O axioma não está escrito em bíblia nenhuma, mas está na cabeça dos portugueses. É quanto chega.