sábado, 6 de junho de 2009

Reflexões em dia de reflexão - III

3 - GOVERNO
O governo de Sócrates foi, entre tantos, o único que ensaiou passos concretos, na realização do que era há muito inadiável: algumas reformas estruturais.
Caso inusitado, colocou o défice nos limites do PEC, antes do prazo previsto. E é claro que só pôde fazê-lo, apresentando-se como esquerda a pôr em prática políticas de direita. Sabemos também à custa de quem o fez, mas o homem não é um santo milagreiro. Se o fosse, teria evitado aparecer envolvido em casos de contornos duvidosos, como o Freeport e outros. No fim ver-se-á que são mais as vozes do que as nozes.
A escola pública foi o seu maior erro, por acção. E a justiça, o mais grave, por omissão. É certo que 30% dos professores do básico, não têm qualidade como agentes educativos. É certo que 40% dos professores do secundário, não trazem qualquer benefício às escolas. E é certo que 50% dos professores do superior não têm condições para o ser. É certo ainda que o sistema de ensino padece de décadas de incapacidades, de interesses corporativos instalados, e de equívocos científicos fatais. Mas não se pode reformar o ensino à catanada nos professores, cortando a cabeça à escola e desmoralizando os melhores.
Já na justiça, que é das vergonhas a maior, ainda fez alguns ensaios tímidos. Mas na corporação dos bachareis de leis não é qualquer um que mete o dente. E em breve recuou.
É certo que o erro do aeroporto, e o TGV a Braga e Vigo, não prometem nada de bom. Mas foi a crise financeira soprada da América, em breve transformada em furacão da economia mundial, que veio imprevistamente arruinar-lhe os planos. E nestas condições, só indo a Fátima a pé se pode compor a coisa!