sexta-feira, 26 de agosto de 2016

No grande silêncio matutino, ouve-se a coruja ao longe, e ali perto um galo madrugador

Falamos do cinema americano que vale a pena ver. Não dessa enxurrada que aí anda para passatempo de plateias, que se encharcam em baldes de pipocas e barris de coca-cola.
A indústria americana do passatempo de massas instalou salas tecnicamente perfeitas, apoderou-se da distribuição, aboliu a concorrência, tomou conta do mercado. A cultura europeia naufragou, sobrevive algum cinema duns franceses marginais, e os cidadãos vão na onda. Nem querem mesmo outra coisa, pobres deles!
Na cultura americana, o filme FARGO é o outro lado da coisa. Candidato a 7 Óscares da Academia, foi considerado o melhor filme de 1996, e viria a conquistar o Óscar para melhor actriz e o melhor argumento (dos irmãos Coen). O realizador é um dos irmãos.

Diversamente do que temos visto, a fita é o retrato duma sociedade doente; paranóica; de vigaristas em série; de assassinos pistoleiros; de farsantes aldrabões; e duns figurantes básicos e primários, cujo vocabulário se resume às interjeições do iá! iá!. Mas é a gente que manda neste mundo.
Só uma agente policial feminina, bojuda de tão grávida, personifica a lucidez que resta. Observa, lê, resolve e prognostica. "Eu não entendo, há mais coisas na vida para além de ganhar dinheiro!" Mas parece que não há.