terça-feira, 16 de agosto de 2016

Babette

Melhor filme estrangeiro 1987. Eis um filme absolutamente premonitório. Com uma diferença fundamental em relação aos dias de hoje. É que os calvinistas de então eram a sério, e os de hoje são a fingir. Seguem religiosamente as ordens do capital que servem, em troca de prebendas e migalhas. À custa da vida e do sangue dos povos europeus, que espartilham na austeridade e parasitam.
Uma pequena comunidade de fiéis que seguem um pastor reformado vive na costa desolada  e remota da Jutlândia. O pastor tem duas filhas, Filipa (por Melanchton) e Martina (por Lutero). As quais (de grande beleza e rectidão moral) se entregam a tarefas de solidariedade e apoio à comunidade.
A sua presença não deixa indiferentes os espíritos jovens da comunidade local, e muito menos as figuras cortesãs que por lá passam, entre elas o tenor francês Papin.
Babette, a cozinheira do Café Anglais, perde a família na revolução da Comuna de Paris, em 1870, e é obrigada a procurar refúgio na pequena comunidade da Jutlândia. Um amigo em Paris compra-lhe sempre uma lotaria, que sai premiada passados anos. E é assim que Babette, a cozinheira francesa, recebe uma pequena fortuna. No dia em que a comunidade celebra a memória do pastor, Babette propõe-lhe, a expensas suas, um jantar de sabores franceses, em que investe todo o prémio da lotaria.
O resultado final é surpreendente. Os fiéis rendem-se aos prazeres da mesa, que os resgata de quezílias e disputas mútuas.