sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Hervaz

O meu amigo criativo está em Hervaz, na sua carripana de camping que reconstruiu e equipou. Um dia o criativo andava pelo norte de França, a pesquisar. Era Fevereiro, um frio de rachar, a carripana coitada deixou de funcionar. E ele pediu ajuda ao pai, que fez o que lhe competia: saiu das Telheiras, andou 3500 kms e foi ajudar o filho. Creio que o pai aprendeu mais na empreitada do que o filho, um artista que anda em formação. Mas adiante.
Hervaz é uma aldeia espanhola absolutamente deserta. Todos os habitantes dela eram judeus, e todos eles partiram há 500 anos, quando os sefarditas foram expulsos de Castela pelos famosos Reis Católicos. Vieram para Portugal e refugiaram-se em Belmonte, em Trancoso, na Guarda... São eles que explicam a importância que os judeus tiveram na história destes burgos. 
Até que o rei-merceeiro, o caça-noivas Dom Manuel Venturoso, lhes tirou o tapete e os expulsou depois do massacre do Rossio em 1506. Isto quando mais precisava deles, por causa das aventuras da pimenta. E eles lá foram, que remédio, parar a Constantinopla, a Amesterdão, à Holanda... aonde encontraram coito!
Voltemos nós a Hervaz, que ficou deserta desde então. Está na parte sul da serra de Gredos, no município de Béjart. Quando o tempo for mais fresco e eu lá for, tenho que ir a Monfortinho e a Segura, embora pudesse ir por Salamanca. Já sei que me esperam 500 kms, mas o meu velho companheiro é jovem, não vai deixar-me apeado.