terça-feira, 30 de setembro de 2014

Alta-tensão

Chamo-lhe só Alpoim, ao da Mar Verde e das bombas, e do tesouro de Santa Maria da Oliveira assaltado em Guimarães, e das peripécias do MDLP. Agora falecido, paz à sua alma.***
Para mim o Calvão era outro. Ambos de Chaves, provavelmente parentes. Mas o meu Calvão era um chavalo cadete, o primeiro do curso a patinar. Íamos à quarta-feira experimentar à Ota as primeiras emoções, no Chipmunk. Às vezes empilhavam-nos num JU-52 e era um pau!
Acompanhado por um alferes já velhinho, um dia o Calvão embateu com a passarola nuns cabos de alta-tensão, diluídos na neblina. E nós lá fomos, num armão da tropa, devolver o Calvão à sua terra.
Passámos naquilo um dia e uma noite, e o pior foi a subida do Marão. Mas lá chegámos, lá passámos a ponte dos romanos, creio que a mãe do Calvão é que nos matou a fome num estanco da praça. E lá deixámos ficar o Calvão verdadeiro, sem torres nem espadas de lata na lapela.

*** Outra versão da Mar Verde, em modo "paleio de cona fascista".