sábado, 12 de janeiro de 2013

Uma síntese da coisa, pilhada algures

Outra maravilhosa propriedade deste relatório é mostrar, se ainda fosse preciso, a monumental mentira que foi a campanha eleitoral da direita nas últimas eleições. Se fossemos juntar todos os vídeos de declarações de Passos Coelho, em campanha, que contradizem explicitamente tudo aquilo que o PM agora acha ideias interessantes e necessárias, teríamos cinema para o resto do ano. E essa é uma questão fundamental da actual situação: o PSD mentiu, não há outra expressão, mentiu descaradamente aos portugueses para "ir ao pote" (expressão de PPC), colocando o interesse partidário acima do interesse do país. A direita escondeu o seu programa, para ganhar eleições, e agora pede ao FMI que apresente por si o seu verdadeiro programa, que pretende aprovar sem o sufragar (como ontem Pacheco Pereira fez notar). Curiosamente, a esquerda da esquerda foi a testemunha abonatória desses falsários: o PCP e o BE foram os partidos que serviram para convencer o eleitorado de que o culpado de tudo era realmente Sócrates e a sua malvadez congénita, passando a imagem de que até Passos e Portas eram menos perigosos do que o "animal feroz".

Contudo, nada disto importa. O que importa é que a esquerda tem de aproveitar esta oportunidade para responder com um programa alternativo, em vez de meras reacções, de meras atitudes defensivas. O PS, se não estivesse entretido a dar toques na bola atrás da baliza, devia convocar urgentemente uns Estados Gerais para o Desenvolvimento Justo e Sustentado, para fazer convergir o clamor da sociedade num programa de saída da crise que fosse alternativo à tarefa destruidora, irresponsável e dolorosa a que esta maioria nos está a submeter. Se não tiver unhas para isso - depois de, por mera táctica interna, Seguro ter ajudado a direita a convencer o país do seu álibi básico, segundo o qual a culpa de tudo isto é do anterior governo do PS - se não tiver unhas para isso, então o PS não serve de facto para nada do que interessa neste momento ao país.

O PS, com a direcção actual, não serve de facto para nada. Tal como não servem o PC nem o BE. É a tempestade perfeita.