quarta-feira, 26 de maio de 2010

Rio Vivo

A cabrinha branca é um dos elementos dum quadro do mestre Roberto Chichorro, que se transformou em ex-libris da Associação Rio Vivo.

A Associação Rio Vivo é o ponto de encontro dum grupo de gente ligada a S. Pedro do Rio Seco, em Almeida, que procura responder aos nós cegos do mundo presente com os conceitos e práticas de vida ditas de transição: dum modo de viver que está a chegar ao fim da linha, para outro modo de viver que o senso recomenda, mas não vem no manual.

É esta a sua Declaração de Princípios:

"Reunidos em S. Pedro do Rio Seco no dia 9 de Agosto de 2009, os signatários manifestam a intenção de constituir a Associação Rio Vivo. Através dela, e em pleno respeito pela Natureza e pelo uso racional dos seus recursos, procuram contribuir para preservar o património cultural, as formas de vida, as tradições, os usos e os costumes que herdaram dos seus ancestrais.

Os signatários estão conscientes dos graves problemas que afectam o equilíbrio do planeta, e ameaçam pôr em causa a vida tal como a conhecemos: a poluição ambiental, o aquecimento global, as alterações climáticas dele resultantes, o rápido esgotamento de recursos naturais como a energia de origem fóssil, a terra arável, a água e outros. Estão preocupados com a extinção acelerada de espécies animais e vegetais, e com as ameaças que pairam sobre a diversidade biológica.

Num mundo globalizado, e particularmente na sociedade portuguesa, assistiu-se em poucos anos a uma rápida destruição dos modos de vida e dos equilíbrios tradicionais, sem que outros mais sustentáveis tivessem surgido. A fuga das populações rurais em busca de melhores condições de vida, e a sua concentração acelerada em subúrbios urbanos marcados pela precaridade, o desenraizamento e a fragilização, despovoou o interior e esvaziou as pequenas comunidades rurais.

Ora os signatários crêem que as pequenas comunidades rurais poderão vir a desempenhar um papel importante no futuro. Crêem que é fundamental tomar consciência dos perigos que ameaçam a Humanidade, e das nefastas consequências do esgotado modelo do crescimento contínuo e do consumismo moderno. Crêem estar em vias de exaustão o privilégio histórico das energias fósseis baratas, que permitiu às gerações do último século um desenvolvimento e um conforto nunca experimentados. Acreditam que é seu dever deixar às gerações futuras um mundo habitável. E crêem ser fundamental reconstruir alguma da auto-sustentabilidade alimentar e energética das pequenas comunidades rurais.

Os signatários crêem ser necessário desenvolver activamente um novo modo de vida, um modelo de transição para uma era pós-carbono. Tal desiderato deve ser perseguido no respeito pelas pessoas, com as suas crenças religiosas, as suas opções políticas e os seus direitos próprios. Mas abrir caminhos novos implica contrariar as actuais tendências e mudar as mentalidades.

Como primeiro passo para atingir os objectivos propostos, os signatários assumem conjuntamente o compromisso de constituir, em S. Pedro do Rio Seco, uma Associação de pessoas que comunguem dos mesmos ideais, e alimentem os mesmos propósitos constantes desta Declaração."