terça-feira, 28 de maio de 2013

Um do Herberto

Mais do que consagrado, Herberto Helder é um poeta de culto, diz-se que é um bom poeta. E sê-lo-á. Mas a instância derradeira é cada um dos seus leitores. 
O poeta escreve os seus poemas, publica-os em três mil exemplares e recolhe-se.
Eu aplaudo. Por assim haver gente com juízo, que não confunde o mundo com o umbigo. Nem se deixa embalar por laironas de feira.


as manhãs começam logo com a morte das mães,
ainda oito dias antes lavavam os cabelos em alfazema cozida,
ainda oito anos depois os cabelos irrepetíveis,
todas as luzes da terra abertas em cima delas,
e então a gente enche a banheira com água fria até ao pescoço,
e tudo brilha na mesma,
brilha cegamente

Servidões, Herberto Helder,