Passado este tempo todo, esta matilha de aventureiros ainda não sabe quantos pontos da TSU vai retirar à Segurança Social, para alavancar o crescimento com a desvalorização fiscal.
Com tantos pontos de apoio, que são todos, por que esperam estes aprendizes de feiticeiro para mudarem o mundo?!
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Guerras sujas
Só se podem entender as faenas do rating vendo nelas o que são: escaramuças duma guerra que toda a gente conhece, mas que ninguém declarou. Como acontece sempre às guerras sujas.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Bedum de séculos
- As agências de rating, meros mastins da cleptocracia necrófaga da América, reduzem a lixo a dívida portuguesa e consideram default o novo empréstimo à Grécia.
- O subsídio de Natal vai à viola.
- A TSU será reduzida em cerca de 10% sem contrapartida conhecida, pondo em causa a Segurança Social em benefício do grande patronato.
- As golden shares vão à vida, na PT, na Galp, na EDP. Quem é que se lembra ainda da OPA do Belmiro à PT?
- É uma espécie de soma e segue.
Ao fim de 15 dias deste governo novo, o da mudança, alguns paspalhos começam a imaginar o Sócrates como um fantasma, que também andou aí a poisar nas copas das azinheiras. Mas não foi exactamente assim.
O Sócrates existiu realmente, e era uma besta, que se fartou de meter o pé na argola.
Era uma besta, mas não cometeu actos de pura traição.
Era uma besta, não vamos discutir.
Porém muito menor do que as variegadas bestas que se encarniçaram em destruí-lo.
E menos besta ainda do que os paspalhos que correram com ele, ou para isso contribuíram, assim trocando a fraca capa por um capelo esburacado.
A cheirar a bedum já rançoso de séculos, e a cuecas mal lavadas.
- O subsídio de Natal vai à viola.
- A TSU será reduzida em cerca de 10% sem contrapartida conhecida, pondo em causa a Segurança Social em benefício do grande patronato.
- As golden shares vão à vida, na PT, na Galp, na EDP. Quem é que se lembra ainda da OPA do Belmiro à PT?
- É uma espécie de soma e segue.
Ao fim de 15 dias deste governo novo, o da mudança, alguns paspalhos começam a imaginar o Sócrates como um fantasma, que também andou aí a poisar nas copas das azinheiras. Mas não foi exactamente assim.
O Sócrates existiu realmente, e era uma besta, que se fartou de meter o pé na argola.
Era uma besta, mas não cometeu actos de pura traição.
Era uma besta, não vamos discutir.
Porém muito menor do que as variegadas bestas que se encarniçaram em destruí-lo.
E menos besta ainda do que os paspalhos que correram com ele, ou para isso contribuíram, assim trocando a fraca capa por um capelo esburacado.
A cheirar a bedum já rançoso de séculos, e a cuecas mal lavadas.
domingo, 3 de julho de 2011
Ecos da Sonora - XXXVII
LIBERDADE, Victor Cunha Rêgo, Ed. O Independente, Lisboa 2004
Jornal Estado de S. Paulo, 30 Abril 1961
Paris, Abril - A queda de Salazar, esse homem que já não consegue perceber o mundo em que vive, já não oferece problema. Pode ser uma questão de dias, uma questão de meses, mas todos sabem que se dará antes do fim do verão.
Não nos parece também oferecer dúvidas quanto ao tipo de governo que o vai seguir: um governo de transição estruturado nas forças que têm apoiado Salazar durante os últimos trinta e quatro anos, e integrada também pelos elementos não-salazaristas que vêm compondo aquilo a que se pode chamar Oposição Clássica.
Sobre isso não parece restarem dúvidas. O que angustia actualmente os portugueses não é saber como Salazar vai cair, nem quem o vai substituir. O que cada português pergunta a si próprio nestes momentos é o que vai ser do país depois destes primeiros lances de cúpula. O mundo sabe que o arranhão prestes a produzir-se no corpo salazarista tem de infectar, e é sobre essa infecção que se especula. (...)
Salazar está por dias ou escassos meses; em Espanha fala-se abertamente na "sucessão" de Franco para o próximo mês de Setembro. (...)(Victor Cunha Rêgo)
"A adesão a uma greve no jornal em que trabalhava, em 1957, levou-o a Paris e a seguir para o Brasil (...). Em 1964, com o golpe militar no Brasil, exilou-se na Argélia. Morou na Jugoslávia - onde viveu por dois anos e teve ocasião de conhecer de perto o socialismo "alternativo" de Tito - e também na Itália, antes de retornar ao Brasil, em 1968 (...). No início de 1974 desembarcou em Lisboa".
"Ao acordar na manhã de 25 de Abril de 1974, Victor Cunha Rêgo abriu as cortinas do hotel onde estava hospedado e achou estranho que navios da esquadra portuguesa estivessem ao largo. Acabava de voltar dum exílio que durara 18 anos, a maior parte desse tempo no Brasil. Ligou a rádio do quarto, as estações tocavam música militar. Mas foi quando chamou o camareiro, para saber o que se passava, e este apareceu sem gravata, que se deu conta de que algo da maior importância estava a acontecer em Portugal".
"Nas duas décadas que se seguiram à Revolução, Portugal mudou muito e Cunha Rêgo também. O socialista que desembarcou do Brasil tornou-se social-democrata e depois conservador (...) e até católico nos últimos anos de vida".
[Tudo isto vem a propósito da inutilidade enfatuada de certos intelectuais amargurados.]
Jornal Estado de S. Paulo, 30 Abril 1961
Paris, Abril - A queda de Salazar, esse homem que já não consegue perceber o mundo em que vive, já não oferece problema. Pode ser uma questão de dias, uma questão de meses, mas todos sabem que se dará antes do fim do verão.
Não nos parece também oferecer dúvidas quanto ao tipo de governo que o vai seguir: um governo de transição estruturado nas forças que têm apoiado Salazar durante os últimos trinta e quatro anos, e integrada também pelos elementos não-salazaristas que vêm compondo aquilo a que se pode chamar Oposição Clássica.
Sobre isso não parece restarem dúvidas. O que angustia actualmente os portugueses não é saber como Salazar vai cair, nem quem o vai substituir. O que cada português pergunta a si próprio nestes momentos é o que vai ser do país depois destes primeiros lances de cúpula. O mundo sabe que o arranhão prestes a produzir-se no corpo salazarista tem de infectar, e é sobre essa infecção que se especula. (...)
Salazar está por dias ou escassos meses; em Espanha fala-se abertamente na "sucessão" de Franco para o próximo mês de Setembro. (...)(Victor Cunha Rêgo)
"A adesão a uma greve no jornal em que trabalhava, em 1957, levou-o a Paris e a seguir para o Brasil (...). Em 1964, com o golpe militar no Brasil, exilou-se na Argélia. Morou na Jugoslávia - onde viveu por dois anos e teve ocasião de conhecer de perto o socialismo "alternativo" de Tito - e também na Itália, antes de retornar ao Brasil, em 1968 (...). No início de 1974 desembarcou em Lisboa".
"Ao acordar na manhã de 25 de Abril de 1974, Victor Cunha Rêgo abriu as cortinas do hotel onde estava hospedado e achou estranho que navios da esquadra portuguesa estivessem ao largo. Acabava de voltar dum exílio que durara 18 anos, a maior parte desse tempo no Brasil. Ligou a rádio do quarto, as estações tocavam música militar. Mas foi quando chamou o camareiro, para saber o que se passava, e este apareceu sem gravata, que se deu conta de que algo da maior importância estava a acontecer em Portugal".
"Nas duas décadas que se seguiram à Revolução, Portugal mudou muito e Cunha Rêgo também. O socialista que desembarcou do Brasil tornou-se social-democrata e depois conservador (...) e até católico nos últimos anos de vida".
[Tudo isto vem a propósito da inutilidade enfatuada de certos intelectuais amargurados.]
Quaresma
Quando Amarante, num domingo de Julho, faz lembrar quarta-feira de cinzas, o mais certo é Portugal estar na quaresma.
sábado, 2 de julho de 2011
A ministra da enxada
Se ainda não entendeste por que razões Portugal é o que é, há muitas gerações, e parece condenado a sê-lo até à consumação dos séculos, faz um esforço!
Vai ler esta entrevista! Está lá o verdadeiro espírito destas elites indígenas. Todo inteiro, embora concentrado.
- O que é que a recomenda para ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território?
- Não sei, terá de perguntar a quem me convidou.
- Mas percebe alguma coisa destas áreas?
- Não percebo nada destas áreas, em profundidade. (...)
- E não se sente desconfortável por ir tutelar duas áreas que dizia que deviam estar em ministérios separados?
- Não. Eu sou muito pragmática. A pasta é esta, o desafio foi este, só tinha de pensar se tinha condições para o aceitar. Como toda a gente sabe, não percebo da matéria. (...) Se alguém que tem experiência política confia em mim para me fazer este convite - que é articulado entre o líder do CDS e o primeiro-ministro - tenho o dever de fazer o melhor que sei. Um ministro não tem de saber a fundo sobre a área. (...)
Vai ler esta entrevista! Está lá o verdadeiro espírito destas elites indígenas. Todo inteiro, embora concentrado.
- O que é que a recomenda para ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território?
- Não sei, terá de perguntar a quem me convidou.
- Mas percebe alguma coisa destas áreas?
- Não percebo nada destas áreas, em profundidade. (...)
- E não se sente desconfortável por ir tutelar duas áreas que dizia que deviam estar em ministérios separados?
- Não. Eu sou muito pragmática. A pasta é esta, o desafio foi este, só tinha de pensar se tinha condições para o aceitar. Como toda a gente sabe, não percebo da matéria. (...) Se alguém que tem experiência política confia em mim para me fazer este convite - que é articulado entre o líder do CDS e o primeiro-ministro - tenho o dever de fazer o melhor que sei. Um ministro não tem de saber a fundo sobre a área. (...)
Veredicto
O Secretário de Estado da Cultura foi alvo duma penhora do fisco, coisa que se não inveja nem estranha.
Esclarecendo que o caso está em disputa, diz ele que aceitará o veredicto. Muito pacatamente. Outra coisa não era de esperar, mas fica em falta aqui uma diligência.
Veredictos destes competem aos tribunais administrativos e fiscais. São eles que dirimem os conflitos, em que o cidadão comum satisfaz primeiro os ditames do fisco, e só depois poderá reclamar. A menos que haja no caso tramitações privadas.
Cá em casa há uma coisa dessas. O processo entrou no tribunal em 2003, levou seis anos até ficar concluso, e já passou mais dois numa gaveta, a aguardar um veredicto. Com sorte, o meu neto vai recebê-lo em herança.
E o caso só não foi mais rocambolesco, por ter eu ao tempo explicado à ministra, que receberia a tiro os agentes da fiscalidade, se as coisas não tomassem um mínimo de trambelhos.
A senhora ministra mandou analisar. E não podendo considerar-me inimputável, alguma razão eu teria. Recomendou à máquina um pouco de contenção.
O governo do senhor Secretário de Estado tem muito que fazer, assim o queira. É que ainda há quem tenha fé na redenção.
Esclarecendo que o caso está em disputa, diz ele que aceitará o veredicto. Muito pacatamente. Outra coisa não era de esperar, mas fica em falta aqui uma diligência.
Veredictos destes competem aos tribunais administrativos e fiscais. São eles que dirimem os conflitos, em que o cidadão comum satisfaz primeiro os ditames do fisco, e só depois poderá reclamar. A menos que haja no caso tramitações privadas.
Cá em casa há uma coisa dessas. O processo entrou no tribunal em 2003, levou seis anos até ficar concluso, e já passou mais dois numa gaveta, a aguardar um veredicto. Com sorte, o meu neto vai recebê-lo em herança.
E o caso só não foi mais rocambolesco, por ter eu ao tempo explicado à ministra, que receberia a tiro os agentes da fiscalidade, se as coisas não tomassem um mínimo de trambelhos.
A senhora ministra mandou analisar. E não podendo considerar-me inimputável, alguma razão eu teria. Recomendou à máquina um pouco de contenção.
O governo do senhor Secretário de Estado tem muito que fazer, assim o queira. É que ainda há quem tenha fé na redenção.
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