sábado, 28 de maio de 2016

À espera

Leio um livro dum criativo culto, ilustrado, que escreve muito bem e domina as artes da palavra. De imaginação tão galopante e desenfreada que provoca vertigens. Mas é um cabotino tão enraizado que não produz um texto que mereça a pena.
Passa um rapazola baixo, de barbicha, pede-me um cigarro e logo sobe para dois. De costas leva os jeans a cair ao fundo do traseiro e o rego do cu à mostra.
Passa uma Lolita de mochila ao ombro e é lindíssima, os olhos, a flor vermelha dos lábios a morder a chicla...
Passa um rasta com uma molhada de arbustos entrançados com elásticos no alto da cabeleira. Parecem ramos de carvalho inverniço, desses cobertos de líquenes.
Passa esta cabeleira juvenil, de longos caracóis, nos olhos uma doçura plácida e bovina. O corpo lembra a caixa dum violoncelo, coberto por um camuflado do afeganistão, ao cimo dumas coxas que são colunas de Hércules na renda dos collants. Tem umas ancas larguíssimas até à desmesura, da fêmea parideira que há-de ser.
Dizem que é saudável e ecológica a biodiversidade ambiental. Se calhar é...