sexta-feira, 30 de maio de 2014

Penas

Décadas de acumulação juntaram nas estantes um ror de livralhada: ficção narrativa e poesia dominantemente portuguesas, crítica, ensaio, história, sociologia, biografia quando há, aqui e ali intromissões alienígenas mais badaladas. Se algum há que sublinhar é o surpreendente trabalho dum improvável génio indígena - Haja Luz! - de Jorge Calado, obra que sintetiza e amalgama ciências, artes e culturas e nos deixa surpresa, admiração e muito orgulho.
Mudanças que estão no horizonte, e um certo horror a espólios inúteis, (porque pessoalizados, avaros, e encarcerados numa lastimosa solidão), levam-me a desfazer-me de noventa por cento do que por ali anda nas estantes. Se tem alguma utilidade, pois vá ser útil onde fizer falta!
Já comecei o empacotamento. E nunca tinha sentido, nem imaginava a crescer-me no peito, esta síndrome estranha: o que sente um pardal que arranca as penas.