terça-feira, 25 de junho de 2013

25 de Junho de 75

Foi no meio dessas andanças, enquanto a conversa deslizava, que entrámos no quinteiro. Lá ao fundo havia um cabanal onde o Zé guardava as lenhas do Inverno. E diminuto era o lugar para elas, que a mor parte do telheiro estava atravancada por um exótico mostrengo. Uma espécie de prisma descomunal, coberto de ferrugens e de lixo.
Com algum jeito o Zé confidenciou-me que era um depósito de gasolina. Estava enterrado em Tete, numas bombas que ele tinha à beira da picada que dava para o Moatize. Antes de juntar as tralhas e pôr-se a mexer para a Beira, mandou vir os pretos todos, fê-los desenterrar o mastodonte, subiu-o para o camião e trouxe tudo no convés dum navio. Agora ali estava ele, e estava ali muito bem. Não tinha deixado nada àqueles cães.