segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Do Templo - 2

Antes da Ordem do Templo, o que ocupava o imaginário popular eram as sagas muçulmanas, das moiras encantadas. Foi isso que ficou na memórias dos povos, da Reconquista Cristã. Já que dos mitos celtas, e muito menos visigodos ou romanos, pouco ou nada ficou.
A sagacidade de D. Dinis, que era poeta e administrador, fez o resto. O tesouro dos Templários estava em Castro Marim, em Tomar, em Almourol, e aqui mais perto em Longroiva, e na aldeia templária de Aveloso.
Nada dos seus tesouros reais passou aos cofres do reino. Tudo ficou na Ordem de Cristo, cujo grão-mestre foi o Infante do Chapéu Grande, da ínclita geração. E foi usado para financiar a gesta gloriosa, e o primeiro mercado de escravos em Lagos. Valeu a pena!

«(...) Nela, o rei Filipe o Belo dava conta dos delitos de que o Templo era acusado e ordenava a imediata detenção de todos os membros da Ordem, cujos bens seriam confiscados pela coroa, ao mesmo tempo que os seus membros seriam submetidos a julgamento. No dia 13, todos os frades do Templo em França deveriam estar já nas mãos da justiça.
Ao amanhecer desse dia, com impecável precisão, milhares de servidores reais entraram nas inúmeras casas e comendas templárias em solo francês para levarem a cabo a detenção em massa. O trabalho policial foi enorme, pois os vinte mil membros do Templo foram presos em simultâneo; destes só 546 eram cavaleiros, que viviam nas cerca de 3 mil casas que o Templo possuía em toda a França. A surpresa e a incapacidade para entenderem o que se estava a passar levaram os membros da Ordem a deixar-se prender sem opor qualquer resistência. Entregues às autoridades judiciais, nesse dia todos ficaram presos e incomunicáveis nos cárceres reais. Quase nenhum conseguiu escapar.
A natureza das acusações exigia a intervenção da Inquisição, cujos tribunais, especialmente em Paris, começaram rapidamente a trabalhar. (...)
Os delitos imputados aos membros da Ordem eram de suma gravidade naquela época: eram acusados de negar a Cristo, cuspir, pisar e urinar sobre a Cruz nas cerimónias de recepção de irmãos. Insistia-se que nelas davam rédea solta à sua maldade, entregando-se a práticas obscenas, tais como obrigar os neófitos a dar beijos na boca, no umbigo e nas nádegas  dos outros irmãos. (...)»