quarta-feira, 3 de maio de 2017

Ruínas

 
(Os fornos crematórios eram todos iguais e eram isto.) 
Em 1976 nos arredores de Berlim havia sepulturas pelos bosques, de soldados soviéticos caídos em combate. Tinham flores, e homenagens e cuidados. Na cidade havia o monumento em Treptower Park, ao soldado soviético que tomou Berlim.
Em 1995, numa aldeia distante, ao lado dum cemitério comum havia também um cemitério judaico, com pedrinhas nas campas e nas áleas. Na aldeia passava uma linha de caminho de ferro que vinha do Sul.
Os nazis queriam esconder a hecatombe da solução final e dos campos de concentração. Mas o Jukov já vinha perto, a caminho de Berlim. Então os nazis atulhavam vagões de gado com prisioneiros e mandavam-nos para o Norte, para o Báltico, na esperança que o mar lhes oferecia de se desfazerem deles.
O comboio parou aqui, abandonado nos carris. E foi dos mortos que nele foram achados que o cemitério se fez.