sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Praça de Londres

O café é dos antigos, há muitíssimo tempo que o não via. E ainda sobrevivem nele, no aquário do canto, piriquitos e canários a saltar de ramo em ramo.
Os velhos já não discutem arte nem mundanidades, deambulam apenas num crepúsculo. Falam de capitais angolanos, de golden shares douradas, e do Nabo que se foi embora a tempo.
Passa um retardatário à procura duma bica. Reformado na sua gabardina, passa alto e elegante, ergue o braço a um ignoto führer. E considera que tudo fica dito, pois não diz uma palavra. Pouparam-no à hecatombe de Stalingrado e agora é isto.