domingo, 2 de novembro de 2014

Cartas ao director

A propósito da comenda de Cristo a outorgar pelo Cavaco (que a Sócrates não faz falta), oiça-se a voz do povo, o nevoeiro mental que para aí anda, a tolice contentinha, a necedade, a desinformação, a ignorância de quem emprenha de ouvido.
Um tal Gaio, quiçá ingénuo e bem intencionado, há dias dizia assim:

« (...) Houve benefícios para o País a creditar ao consulado de José Sócrates? Certamente que houve. Mas também houve incontáveis prejuízos que pesam negativamente no seu desempenho. (...) Lembro a “febre” da construção de auto-estradas, muitas absolutamente desnecessárias — como o constata o reduzidíssimo tráfego que lá se verifica. Lembro o frenesim do projecto do novo aeroporto de Lisboa — primeiro na Ota, depois no Montijo — a enormidade de trabalho realizado em estudos, em avaliações, em propostas, etc. Lembro, finalmente, o comboio de alta velocidade. Os estudos que se fizeram, os pareceres que se procuraram, os consultores que foram solicitados, a enormidade de propostas avaliadas! E tudo isto rigorosamente para nada! E o dinheiro incontável que foi enterrado nestas aventuras — e cujo montante, os contribuintes desconhecem — certamente que faria muito jeito para minorar a gravidade da nossa presente situação. Acham que este despesismo descontrolado, este esbanjamento sem medida do dinheiro dos contribuintes é compatível com a atribuição de qualquer condecoração? Eu acho que não.»

O Sócrates andará longe de merecer a comenda da rotina. Em contrapartida, muitos portugueses merecem bem o que têm.